Entendendo a importância da percepção do corpo no processo do aleitamento materno

Na maternidade, a mulher, pode ser marcada por cicatrizes em seu corpo que por vezes, são simbólicas em um âmbito subjetivo de experiências tão somente, mas podem ser acompanhadas de dores e desconfortos físicos ou emocionais perceptíveis.

Na prática do aleitamento materno, ela se depara com fatores que podem causar desconfortos ou insatisfações de toda ordem, porém que devem ser prevenidos com medidas alternativas e promotoras de conforto.

As diferentes experiências de vida das mulheres estão condicionadas a sua inserção no contexto em que vivem, e essas experiências influenciam suas decisões sobre a continuidade da amamentação e qualificam a sua experiência como nutriz.

O que pode ser percebido na prática diária, é que o envolvimento com atividades cotidianas do processo do aleitamento materno, ofuscam a percepção do corpo feminino ficando o corpo físico em segundo plano, usualmente ignorado e despercebido, sendo marcado pelos limites do esforço do processo do aleitamento materno. Entretanto, quando o corpo se percebe injuriado, passa a ter consciência, mas nem sempre o que foi percebido pela mulher é expressado. Assim, a percepção de si, muitas vezes é deixada de lado pelo fato de ter sido imposta a condição social de que a alimentação da criança, por aleitamento materno, é mais importante do que solicitar ajuda para diminuir as dores e desconfortos expressos pelo corpo.

A seguir, um depoimento de uma das participantes da minha tese de doutorado.

Dependendo do local onde sento, as costas doem. Dói a panturrilha e o pescoço. Às vezes o braço [dói], de segurar o bebê e sinto tensão nos ombros também. Sentar na cama não é muito confortável para mim, pois não tem como se escorar, e eu fico torta. Quando eu estou com dor, eu não consigo ajeitar minha postura direito. Às vezes eu amamento com a coluna torta, sem me importar com a postura correta. (Fragmento do DSC 5).

O conforto implica na busca de estratégias de intervenções para proporcionar bem-estar ao indivíduo, contudo o grau de envolvimento dos sujeitos está diretamente ligado à mudança de comportamentos de saúde e aumento da satisfação própria. Considerando os aspectos acima apresentados, vale destacar a importância de uma rede de apoio especializada a mulher em aleitamento materno para que possam ser conhecidas suas necessidade e poder traçar um plano de ação com estratégias que melhorem o conforto físico e emocional das nutrizes durante a amamentação.

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Sobre o autor : Alcimara Benedett

Consultora do Aleitamento Materno, Coren 77743/SC. Formada em Enfermagem Obstetrícia pela UPF, Doutora em ciências, Conselheira do aleitamento materno e Orientadora dos cuidados com o recém-nascido.